24 de ago. de 2012

Do Couscous ao Cuscuz, uma longa viagem!

Couscous de Sêmola com Frango e especiarias
Como grande apreciadora do Couscous Marroquino, me peguei outro dia tentando imaginar de onde vinha a semelhança do nome com nossa versão brasileira, a qual me parecia tão distinta.
E não é que, achei o "parentesco" entre os dois?!
O couscous (em francês) é, ao que tudo indica, originário da região norte-africana onde hoje é a Argélia, mais precisamente de Maghreb onde foram encontrados indícios arqueológicos de utensílios do século IX usados para seu preparo.
Esse prato era, antigamente, preparado com painço ou cevada que depois foi substituído por sêmola, o resultado da moagem incompleta de grãos, sendo a mais conhecida proveniente de trigo.
No modo tradicional, era artesanalmente feito por mulheres que misturavam sêmola e água e depois esfregavam a mistura entre as mãos até obter pequenas bolinhas dessa massa. Essas bolinhas eram secas ao sol para ficarem soltas e só depois de bem secas poderiam ser cozidas em panelas especiais que, como no princípio do cozimento a vapor, permitiam ao mesmo tempo a cocção da carne com legumes na parte de baixo, e do couscous em cima absorvendo todos os aromas e sabores que subiam no vapor.
No século XI o Império Árabe ganhava espaço, juntamente com o grande desenvolvimento das fazendas de trigo da região norte-africana. Com isso, o couscous foi sendo disseminado entre todos os lugares onde o Império se espalhava, incluindo a Andaluzia e o Mediterrâneo, chegando até a região da Provence, na Franca no século XVI.
Em Portugal, chegou  através da obra de Gil Vicente que, influenciado pela cultura ibérica levou o prato novo e exótico apresentando-o em suas pecas teatrais e contos.
Ao Brasil, há duas possibilidades de chegada: através dos portugueses que vinham para formar a corte e queriam manter os hábitos europeus; ou através dos escravos que, vindos da África, já conheciam o couscous da sua terra-mãe.
Na verdade, pode ser até que o couscous chegou pelas duas vias. Porém, o trigo não é natural do Brasil, o que dificultava seu preparo.
Mas para isso havia farinha de mandioca, de milho, de arroz e polvilho. A substituição foi praticamente automática e, por sinal, muito bem aceita.
Foi então que surgiu o cuscuz nordestino, o paulista, o carioca, etc. Com versões que vão de vegetarianas a doces, feitas com carne seca ou com sardinha, enformado ou mole, o cuscuz ganhou espaço na culinária brasileira.
Hoje, o Couscous de Sêmola (ou Marroquino, como é mais conhecido) virou o embaixador da cozinha norte-africana, sendo conhecido e apreciado no mundo todo e chegando a ser considerado o 3° prato favorito na Franca em 2011 segundo um estudo para a revista "Vie Pratique Gourmand".
Enquanto isso nossos representantes brasileiros, apesar de ainda desconhecidos do mundo, provocam muita água na boca e saudades do cuscuz da vovó.

8 de ago. de 2012

Londres - Olimpíadas, Realeza e,... Sanduíche!!

Tradicional Club Sandwich
Acompanhando ultimamente os jogos Olímpicos em Londres, um tema que vez ou outra vem à minha mente aparece com mais força: a gastronomia inglesa.
Já ouvi muita gente dizendo que os ingleses não usufruem de boa gastronomia e que tudo o que se prova de boa comida na Inglaterra tem outra origem que não a inglesa.
Admito que hoje em dia muito do que se encontra lá é, gastronomicamente falando, "importado" de outras culturas. Só não podemos esquecer que tempos atrás a Inglaterra ditava a moda, os modos e também cultura gastronômica.
Hamburger - a variacao mais conhecida
E uma das provas disso - e que, na verdade, foi assumido erroneamente pela gastronomia americana pelo grande consumo - é o Sanduíche.
Nas suas mais diferentes variações ele é hoje uma das comidas mais consumidas no mundo e sua origem, Inglesa!
Um antecessor do sanduíche apareceu no 1° século A.C. quando Hillel, um rabino, usou dois pedaços de pão judaico com nozes, maçãs, vinho e especiarias para comer com ervas amargas na comemoração da Páscoa Judaica.
Mais tarde na Idade Média, usava-se pão no lugar dos pratos - pela conveniência e também muitas vezes pela falta da louça - os quais em caso de saciedade com o que vinha em cima eram dados aos pobres como esmola.
Até então, essa comida era conhecida como pão-com-carne ou pão-com-queijo e já era citada em peças teatrais e textos escritos por Shakespeare.
O nome sanduíche (do inglês: Sandwich) apareceu pela primeira vez num artigo escrito por Edward Gibbons em 24 de novembro de 1762 sobre a conhecida casa de jogos "The Cocoa Tree" - frequentada pelos homens da alta sociedade inglesa no Pall Mall com St. James Street em Londres - que servia a iguaria criada na mais famosa e seleta casa de jogos da cidade, o "London's Beefsteak Club".
O "London's Beefsteak Club" era frequentado somente por membros da realeza e Lordes, entre eles o Lorde de Sandwich, um senhor muito fanático por jogos de cartas. Para que pudesse alimentar-se sem se afastar do jogo, o Lorde pedia duas fatias de pão tostado com carne dentro, podendo assim segurar a comida em uma das mãos e jogar com a outra.
Com isso, outros frequentadores igualmente fascinados pelos jogos começaram a pedir: "The same as Sandwich, please!" ( o mesmo que Sandwich, por favor!).
Estava criado o snack mais consumido do mundo, visto sua praticidade e rapidez.
Nos USA chegou somente em 1840 através do livro de receitas de Elizabeth Leslie, uma inglesa que sugeria o sanduíche de presunto como prato principal.
Se popularizou por volta de 1900 quando as padarias americanas começaram a preparar sanduíches para vender.
Hoje é conhecido no mundo inteiro e tem inúmeras variações.
Quem nunca se lambuzou comendo um que atire a primeira pedra!!